Brincadeiras infantis: meninas brincam de carrinho?

As brincadeiras infantis devem oferecer momentos lúdicos para que as crianças possam explorar a imaginação e as infinitas possibilidades de seus sonhos e desejos. Mas, nem sempre, a brincadeira infantil se resume apenas a isso, pois aquelas velhas discussões perduram até hoje: “Meninas podem brincar de carrinho? E os meninos, eles podem brincar de boneca?”

 

Brincadeiras infantis: deixe a criança ser criança!

Minha mãe passou uns dias em casa e esse período me trouxe diversas reflexões sobre educação dos filhos. É engraçado pensar que muita coisa que eu faço tem a ver com o que ela fez comigo e com os meus irmãos e, também, muita coisa que eu não faço é porque ela fazia e eu não quero repetir. Você também passa por isso?

 

O que eu pensava quando tinha 15 anos mudou completamente (também, já chegando nos 40 não tinha como ser a mesma, né?). Nós começamos a conversar a respeito, minha mãe e eu, porque me deparei com algumas fotos antigas em que o Theodoro aparecia brincando de limpar a casa e de fazer comida. Essas fotos haviam sido postadas no Instagram e, nos comentários, tinha muita gente achando legal, mas também muitos comentários questionando o fato dele ser menino e estar fazendo algo considerado de menina, como limpar e cuidar da casa.

 

Esse assunto criou uma proporção tão grande que levantaram pautas de identidade de gênero, questionando que eu criava os meus filhos de maneira neutra e por aí vai. O que acho curioso é que, na maioria das vezes, as pessoas não querem realmente discutir e refletir sobre esses temas, mas só despejar as opiniões delas nas outras. 

 

E qual o problema dessa atitude? É cair na discussão superficial de sempre: meninos usam azul e meninas vestem rosa (ou algo nesse nível). A discussão passa a ser ideológica, ao invés de prática de educação.

 

Questionando tradições do ensina

Eu cresci numa geração que ouviu que a mulher deveria estudar para não depender de homem nenhum. Você também ouvia isso? Esse é um discurso muito comum das décadas de 1980 e 1990, porque era uma época em que entendia-se que a educação era libertadora e que, portanto, uma menina bem estudada tornaria-se independente, capaz de tudo e livre com mais facilidade. 

 

Inclusive, esse é um dos fatores que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera importante para as mulheres – a independência financeira é a principal – porque há diversas mulheres ao redor do mundo que vivem em extrema pobreza e vulnerabilidade social.

 

A minha questão aqui é puramente de ordem prática. Vamos pensar na seguinte lógica: se a gente fala para as meninas que elas devem estudar e ser independentes de homens, porque não fazemos o mesmo com os meninos? Percebem que a conta não fecha e que, no dia a dia, a cobrança é diferente entre os meninos e as meninas? Os meninos também podem aprender a limpar a casa, lavar a louça, cozinhar e lavar a roupa para que eles não sejam dependentes de uma mulher.

 

Quando entramos nesse assunto, muitos rotulam simplesmente como algo feminista e, quando isso acontece, a maioria dos cristãos já se fecha para não dialogar ou refletir sobre o tema. Eles param de raciocinar e começam a atacar quem pensa diferente. 

 

Contudo, criar um menino que saiba limpar as próprias coisas, fazer a própria comida e limpar a casa onde mora não tem nada a ver com machismo, feminismo, ideologia de gênero ou coisa parecida. Tem a ver com o fato de que um ser humano está sendo criado para ser uma pessoa funcional e com habilidade para viver em meio à sociedade.

 

Da mesma maneira que eu não quero que as minhas filhas não tenham opções para escolher na vida, além de depender de um homem para sobreviver, eu não quero que o meu filho não possa ter escolhas ou se submeta a relações desagradáveis pelo simples fato dele não saber fazer as coisas sozinho. Eu quero que ele possa morar sozinho, se for necessário, e saiba dar conta da própria casa dele. Que ele saiba cozinhar e ainda me chame para jantar (risos).

 

Qual deve ser a verdadeira brincadeira infantil?

Estamos falando da criação de um ser humano e, como mães, pais e responsáveis, precisamos dar a eles todas as ferramentas possíveis para que eles sejam independentes, autossuficientes e saibam tomar conta das próprias coisas. Infelizmente, não estaremos aqui para sempre e precisamos deixá-los voar, aprender e brincar. Simplesmente brincar de ser criança quando devem ser crianças.

 

Às vezes, a gente pode se deixar ser engolida por esse excesso de informações, pelos discursos de ódio, pelas modas do que “pode ou não pode fazer” e nos esquecemos de como é a vida real, o cotidiano e a educação na prática. 

 

Por isso, tire um momento para refletir sobre o tipo de educação que você recebeu e o que você passa adiante, não só para os seus filhos, porque você que está lendo pode ser solteira e sem filhos ainda, mas observe o discurso que você passa adiante em relação aos considerados “valores tradicionais da família”.

 

Por que uma menina não pode brincar de carrinho? Por que um menino não pode aprender a cozinhar e brincar de casinha? A mulher deve aprender a trocar o pneu do carro. E o homem, ele aprende a lavar a louça e as próprias roupas? Esse tema não tem a ver com as questões politizadas e, sim, muito mais a ver com os pontos que qualquer ser humano precisa saber para ter uma vida prática. As brincadeiras infantis são lúdicas, ampliam o horizonte das crianças sobre a vida e podem ser boas lições sobre como devemos viver.

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